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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Direto de Paris: feira do mercado têxtil mundial antecipa o que vai chegar nas passarelas.



Antes de abrir as portas, grandes estilistas podem escolher com exclusividade e sigilo.

Quem olha para as passarelas nem sempre conhece o processo que antecede esse momento. Quando uma peça chega às salas de desfiles é a concretização de um longo processo de criação. Mas onde começa a aplicação da tendência em um produto? Não são os estilistas das marcas, como muitos pensam, é a indústria têxtil que dá o pontapé.

Um dos salões que apresenta as inovações para a indústria é a Première Vision, a maior feira do mercado têxtil mundial. A última edição, em Paris, ocorreu no início deste mês. O evento é formado por empresas expositoras e fóruns de tendência, onde acontece uma seleção com o que há de mais importante para cada segmento da moda.

Um universo diferente do glamour de um desfile, mas onde nasce uma tendência. O lançamento para o mercado é completo, vai desde a nova tecnologia de tecido às tendências para embalagens, passando por fios e aviamentos. Duas edições anuais garantem os lançamentos de produtos com um ano de antecedência para estilistas e marcas. O que a feira apresenta agora chegará nas lojas do Brasil em um ano e meio.

Acesso VIP
Doze horas antes de abrir as portas para os visitantes, os grandes criadores como Vivienne Westwood, Karl Lagerfeld e Roberto Cavalli têm acesso livre aos produtos que serão lançados e ali, o que escolherem, será tirado da exposição e mantido em sigilo, com exclusividade garantida para suas criações.

Para estilistas e gerentes de produto de todo o mundo, a PV representa sucesso de venda, a fórmula dos melhores tecidos, estamparias, aviamentos e texturas está ali, perto de todos. Mas nem tudo é tão fácil assim. Espalhados pelos pavilhões estão fiscais e seguranças de olho nos visitantes, que não podem tirar nenhuma foto e muito menos cortar um pedacinho dos tecidos disponíveis para pesquisa nos fóruns de tendência. Aliás, tesouras são proibidas no local, como se fossem uma arma de fogo.

Com tanta informação em mente, bloquinho e caneta em punho são indispensáveis para os pesquisadores. Outro momento em que as anotações são fundamentais é na apresentação da cartela de cores. A cena mais comum é o batalhão de estilistas anotando tudo, com muita atenção. Afinal, no mundo da moda, a cor é fator fundamental na construção de uma coleção.

 Brasil foi escolhido para sediar a edição latino-americana do salão têxtil francês. Há três edições acontece em São Paulo a Première Brasil. Na edição de janeiro, mais de 100 expositores apostaram na versão brasileira.

Quando você assiste a um desfile, pode ter certeza de que ele não é o início do processo, mas a finalização.

Pelos corredores, o olhar apurado de coolhunter permite ainda descobrir a moda de quem trabalha com ela. Com profissionais do mundo todo pesquisando, um mix de estilos forma um uniforme no estilo nômade moderno. São sobreposições, tons neutros, lenços e echarpes, acessórios utilitários disseminados pelos eventos de moda da Europa, na Première Vision não poderia ser muito diferente.

O que vai ser usado
— Os fios de algodão imitam jeans, os tecnológicos vêm com brilho e a onda vintage surge nas cores rústicas, nos tons terrosos e escuros com efeitos de tricô manual.

— O tratamento dado ao couro dá efeitos como o degradê, aumenta o brilho do material ou o deixa plastificado. Couro de animais de pelo curto e crocodilo são as tendências.

— As malhas vêm mescladas em cores como o pistache ou em listras degradê navy. As cores são solares, de frutas ou das águas. Nem horizontais, nem verticais, as listras aparecerão diagonais.

—  Com a ajuda da tecnologia, os tecidos mudam de cor, as estampas misturam-se, as rendas brilham e os paetês ganham novas possibilidades de aplicações em crochês e tecidos mais fluidos e transparentes.

— Nos aviamentos, as inspirações são tanto do futuro como do passado. Lá dos primórdios vêm osso, pele, sementes e tranças com cordão. Argolas, miçangas e strass são grandes e usados sobrepostos.

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“O dinheiro nunca significou muito para mim, mas a independência (conseguida com ele), muito.” – Coco Chanel